Afogamento


Nossa cidade tem praias maravilhosas mas prevenção dos casos de afogamento tem sido negligenciada pelas famílias e poder público.

Cerca de 500 mil pessoas morrem afogadas todos os anos ao redor do mundo. As maiores vítimas são as crianças, já que mais de dez milhões de crianças entre 1 e 14 anos são internadas como vítimas de afogamento anualmente e, destas, uma a cada 35 tem como desfecho o óbito. No Brasil, o quadro é semelhante: sete mil pessoas morreram afogadas em 2009 e o afogamento foi a segunda causa de mortalidade global na faixa etária de 1 a 9 anos, a terceira entre 10 e 19 anos e a quarta na faixa dos 20 aos 25 anos.
O afogamento ocorre de forma acidental, geralmente em situações de lazer, quando poucos cogitam a possibilidade de uma tragédia. São situações que nos remetem ao acaso e, portanto muito difíceis de serem evitados. Porém, afogamentos não são acidentes, não acontecem por acaso. É importante ressaltar que eles são passíveis de medidas preventivas, que são a melhor forma de tratamento!
Esta situação alarmante e pouco divulgada inspirou o The New England Journal of Medicine a publicar um artigo de revisão sobre afogamento em edição recente, que alerta para importantes questões:
• Os registros de afogamento em todo o mundo subestimam o número total de mortes, e não contabilizam situações catastróficas, como enchentes, tsunamis e acidentes de barcos como parte do problema.
• O maior fator de risco para a morte por afogamento é a falta (ou o descuido) na supervisão de crianças por um adulto. Quando comparamos o risco de óbito por afogamento ao risco por acidente de trânsito, o afogamento chega a ter um risco 200 vezes maior.
• A segurança na água provida por salva-vidas não substitui a supervisão dos pais ou responsáveis.
• Se a prevenção falhar, a vítima que é resgatada a tempo de evitar a aspiração de água pode ser liberada diretamente do local do acidente. Mas se o processo de afogamento não for interrompido, a impossibilidade de conseguir oxigênio rapidamente leva à parada respiratória e, em seguida, à parada cardíaca.
•  Pessoas sem habilidade para ajudar se podem se afogar e até morrer tentando salvar outras vítimas de afogamento. Para estas pessoas, a melhor forma de ajudar é chamar um salva-vidas.
• Diferentemente das paradas cardíacas que ocorrem fora da água, o afogamento necessita de ventilação boca-a-boca e as novas medidas de “somente compressão” trazem menos benefícios na hora de ressuscitar.
• Como mensagem mais importante, o artigo estima que 85% dos afogamentos no mundo poderiam ser evitados através da supervisão e que todo caso de afogamento sinaliza a falha na prevenção, a intervenção mais importante de todas.
A Sobrasa (Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático) propôs há mais de 10 anos um projeto de lei federal para aumentar a segurança em áreas espelhadas (Projeto de Lei 1685/03), mas ainda não conseguiu sua aprovação.
Alguns serviços de salvamento tem demonstrado cientificamente como é benéfica a realização de programas de prevenção com crianças, e conseguiram uma importante redução no número de óbitos, então porque não multiplicá-los?

(Texto adaptado de versão do Cardiosource)

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Sobre dreduardowebster

Médico Especialista em Medicina Interna, Cardiologia. Tenho mais de 20 mil pacientes cadastrados os quais venho atendendo há 32 anos em Guarapari. Atuo na área de prevenção e tratamento das doenças cardiovasculares, de adultos e idosos. Realizamos exames diagnósticos como MAPA, ECOCARDIOGRAMA COM DOPPLER COLOR, ERGOMETRIA, ECG, DOPPLER VENOSO, CARÓTIDAS E ARTERIAL PERIFÉRICO.

Publicado em 17/11/2012, em Uncategorized. Adicione o link aos favoritos. Deixe um comentário.

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